17/08/2009

Dor no Peito

Ele chegou e ela logo se apressou em correr para os seus braços. Radiante e feliz, os olhos brilhavam a cada presente desembrulhado. Eufórica, falava alto, retirando a nova boneca de dentro da caixa. Abraçou a almofada de boneca com seu nome gravado, e deu pulos de alegria ao ver os chocolates.

Depois deu beijos e abraços apertados naquele que ela não via há quase um ano. Passou o final de semana junto, brincando, curtindo, tirando fotos, fazendo graça. Matando toda a saudade que lhe foi permitida.

Chegou a segunda-feira, hora dele ir embora. Ela fechou-se. Franziu a testa, cruzou os braços. Não quis se despedir. Ficou brava, contrariada e se escondeu. Depois sentou-se na muretinha da cisterna e ainda de braços cruzados, ficou a fitar-lhe com olhar de desagrado enquanto ele retirava o carro da garagem rumo a estrada. Mais de 300 km o esperavam. Ela não, nada esperava. Apenas sentia. Seu rostinho e suas feições de menina emburrada denunciavam mais do que uma simples birra de criança. Sentia em seu pequeno coraçãozinho uma dor imensa.

O carro sai, fechei o portão e ela desabou. Correu, agarrou-me pelas pernas e pôs-se a chorar. Inconsolável, confessou-me que não queria vê-lo partir. Não aguentei e chorei junto. Peguei-a no colo, e ela abraçou- me forte. Tentei argumentar, dizendo que ele tinha que ir para a casa, e ela respondei-me aos soluços: "__ Mas eu queria que ele ficasse mais uns dias..." Conversamos, e após chorarmos mais um pouco, prometi que brincaria com ela após o almoço. O choro foi passando e ela acalmou-se, mas em meu coração de mãe e filha o estrago já estava feito. Fiquei o resto da tarde recordando a cena e contendo as lágrimas que teimavam em cair.

Pequeno texto desabafo-descritivo da visita do meu pai e da minha avó em minha casa. Foi bom vê-los, conversar, matar as saudades, mas a despedida é a parte dolorosa da história. E desta vez, ao ver minha filha agir desta forma por causa do avô, me tocou ainda mais. Doeu e está doendo. Saudade que fica para a gente matar em outro encontro que a vida nos permitir...

Foto: Destrambolhices

2 comentários:

Soraia Medeiros disse...

Vi, meu coração de tia da Mariana, filha do Pedro Celso e sua irmã, está igualmente apertado... Lágrimas escorreram lendo o desabafo. Queria simplesmente pegar minha boneca no colo e acabar com essa tristeza toda. Por que temos que viver separados? Por que existe o longe? Isso sem falar na saudade... Doeu...

Anônimo disse...

Oi Vívian Também não me contive quanto li esse depoimento, mas é a vida né? A Mariana está uma graça e com o passar do tempo ela vai entender tudo isso. As saudades já são enormes e doidas. Beijos

Pedro Celso Freitas

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